Cimento
Em geologia, é um material precipitado quimicamente que ocupa os interstícios das rochas clásticas, contribuindo para a sua consolidação. Neste contexto, os cimentos mais comuns são a sílica, os carbonatos e os sulfatos.
O termo cimento cobre uma grande variedade de materiais, como, por exemplo, fundentes, colas e também produtos betuminosos obtidos a partir do alcatrão. Em 1824, o pedreiro inglês Joseph Aspdin (1779-1855) criou e patenteou o primeiro cimento de Portland, assim designado porque a sua cor, após o endurecimento, se assemelha à da pedra Portland, um calcário utilizado na construção. Este tipo de cimento substituiu o cimento natural.
O cimento é um material existente na forma de um pó fino, com dimensões médias da ordem dos 50 µm, que resulta da mistura de clinquer com outras substâncias, tais como o gesso, ou escórias siliciosas, em quantidades que dependem do tipo de aplicação e das características procuradas para o cimento. O cimento normal é formado por cerca de 96% de clinquer e 4% de gesso. O clinquer, o principal constituinte do cimento, é produzido por transformação térmica a elevada temperatura em fornos apropriados, de uma mistura de material rochoso contendo aproximadamente 80% de carbonato de cálcio (CaCO3), 15% de dióxido de silício (SiO2), 3% de óxido de alumínio (Al2O3) e quantidades menores de outros constituintes, como o ferro, o enxofre, etc. Estes materiais são normalmente escavados em pedreiras de calcário, ou margas, localizadas nas proximidades dos fornos de produção do clinquer.
A matéria-prima é misturada, moída finamente, e submetida a um processo de aquecimento que leva à produção final do clinquer.
Fabrico de cimento:
Na pedreira, as matérias-primas (calcários, margas, etc.), após extracção nas pedreiras, são trituradas e passam por uma primeira fase de homogeneização (pré-homo).
As matérias-primas, com a eventual adição de correctivos (areias, cinzas de pirite, calcários de alto teor, etc.), são simultaneamente secas e moídas até à obtenção de um pó muito fino (cru ou farinha), que é depois armazenado e homogeneizado - é a moagem a cru.
São vários os combustíveis utilizados na indústria cimenteira, mas os mais comuns são o carvão e o coque de petróleo. Qualquer destes combustíveis necessita de uma moagem preliminar, de modo a permitir a sua injecção e ignição no interior do forno, assegurando e optimizando o perfil térmico.
Um tratamento térmico adequado transforma a farinha num produto intermédio - o clínquer - no qual já é possível encontrar os constituintes mineralógicos do cimento. A farinha, saída dos silos de homogeneização, entra num permutador de calor (torre de ciclones) em contra-corrente com os gases quentes provenientes do forno, iniciando-se o processo de descarbonatação.
De seguida, no forno cilíndrico rotativo (tubo ligeiramente inclinado para facilitar o deslizamento da farinha no seu interior), onde a temperatura atinge valores superiores a 1500º C, ocorre a cozedura (clínquerização) da farinha, dando origem ao clínquer. Este é então arrefecido bruscamente para estabilização da sua estrutura e recuperação parcial da energia térmica.
Tendo em conta o seu modo de formação, o clínquer é, portanto, uma rocha ígnea artificial e o principal constituinte do cimento. Os gases quentes que saem da torre de ciclones são despoeirados antes de serem reenviados à atmosfera.
A moagem muito fina do clínquer com um regulador de presa (o gesso) e outros eventuais aditivos («filler» calcário, cinzas volantes, escórias siderúrgicas, etc.) vai dar origem aos diversos tipos de cimento, de acordo com as Normas em vigor.
O cimento é ensilado e pode ser vendido a granel ou embalado em sacos de papel, acondicionados em paletes ou pacotões. A expedição de cimento pode ser feita por camião, comboio ou navio, de acordo com as respectivas disponibilidades.